No
espaço pequeno deste artigo, que
espero tornar-se gigante em homenagear
as mulheres valorosas que embalam
seus filhos e acreditam na luta
em defesa da igualdade de gênero
e de classe, e que sobremaneira
se indignam com a violência, a exclusão,
o individualismo, a miséria, a guerra
e a barbárie.
Milhares de mulheres já combateram
a exploração capitalista e a opressão
de gênero, muitas vezes sendo ainda
mais discriminadas e perseguidas
pela coragem de romper com o statusquo
vigente, herdado do patriarcalismo/machismo,
que teima em "naturalizar"
toda sorte de dominação, de desigualdade,
inferioridade, submissão, discriminação
e intolerância.
O 8 de Março encerra vários sentidos,
sempre como um tempo de recordar
e se mirar nessas mulheres das fábricas,
dos escritórios, das artes, das
ciências, do lar, de diferentes
ofícios e lides para avançar nas
conquistas.
O ingresso das mulheres no mercado
de trabalho deu-se sem regulamentação
alguma, reportando-nos à própria
origem da data, quer a entendamos
como o bárbaro assassinato de 129
mulheres em greve, pela redução
da jornada de trabalho, em 1857,
ou de um incêndio em uma indústria
de confecções, provocado pelas péssimas
condições de trabalho.
Em
1910, durante a 2º Conferência Internacional
das Mulheres Socialistas, realizada
em Copenhague, a revolucionária
Clara Zetkin propôs a criação de
um Dia Internacional da Mulher para
o dia 8 de março que se consolidou
como dia de comemoração e luta.
Em 2010 chegamos ao centenário da
definição desta data.
Inúmeras
e importantes vitórias foram conseguidas,
tais como: o direito ao voto nos
anos de 1930- ainda somos apenas
8,8% da Assembléia Legislativa e
apenas 02 Ministras de Estado ;
a licença maternidade- mas a ampliação
para 06 meses ainda é restrita;
o novo Código Civil, o direito a
posse da terra em nome da mulher
rural, da mesma forma a posse da
casa própria, a lei Maria da Penha-
para fazer frente à violência doméstica,
que continua a agredir e matar.
Entretanto, apesar da elevação do
nível de escolaridade- somos 52%
no ensino superior, a proibição
da discriminação sexual no trabalho
e do vigoroso papel feminino no
mercado de trabalho - a desigualdade
salarial chega ainda a quase 30%
em alguns setores, 54% permanecem
sem carteira assinada, a dupla jornada
- o trabalho doméstico persiste
em ser tarefa feminina; o assédio
moral - principalmente entre as
grávidas e as jovens mães; a violência
sexual, a violência doméstica e
social, ainda são marcas indeléveis
na vida das mulheres, demonstrando
à necessidade de dar visibilidade
às nossas bandeiras e organizações.
Em
2010, centenário da comemoração
do dia Internacional da Mulher,
quando pela primeira vez há a possibilidade
de uma mulher vir a ser Presidenta
da República temos que reforçar
algumas bandeiras como a da redução
da jornada de trabalho sem redução
de salários, a reforma agrária,
a ampliação do direito á saúde,
o combate á violência com a efetiva
aplicação da Lei Maria da Penha,
a melhoria da educação pública,
a defesa do Programa Nacional dos
direitos humanos.
Ainda garantir a manutenção e ampliação
das políticas públicas que contribuam
para romper com as desigualdades
e que incluam medidas que melhorem
a vida cotidiana das mulheres e
famílias, como equipamentos sociais:
creches, lavanderias coletivas,
áreas de lazer e atividades culturais,
universalização do saneamento básico,
política de segurança, para melhorar
a qualidade de vida de todos.
O projeto nacional de desenvolvimento
tão caro para o povo brasileiro
deve passar necessariamente pela
questão de gênero, entendida como
a construção cultural, histórica
do papel e do valor das mulheres.
Às professoras e aos professores
cabe um papel primordial de educar
as novas gerações livres do mandonismo
e da subjugação de gênero e de qualquer
espécie.
Pela participação política das mulheres!
Viva
o centenário do 8 de março e vivam
as mulheres de todos os tempos que
contribuíram para tornar o mundo
humano! |