O difícil momento da separação
Regina Navarro Lins
 
MUDANÇAS
É fascinante como algumas pessoas conseguem planejar suas férias com mais empenho do que planejam suas vidas. Talvez seja porque fugir é mais fácil do que mudar.
Jim Rohn
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"Quando você ama uma pessoa, a separação é uma das maiores dores que se pode sentir. Dói no nível da dor de rim, dor de parto, dor de câncer. Dói tudo, o pé, o fígado, tudo.", me disse o cineasta e dramaturgo Domingos de Oliveira. Conversando com o poeta Geraldo Carneiro sobre o tema, ouvi a sua visão desse momento tão complicado: "Há um biólogo americano que diz que a paixão dura sete anos, mas acho que é menos, talvez dois. A partir daí você acessa aquela privação de sentidos provocada pela paixão e começa a perceber que o outro ser humano tem características que não são suas. Aí se instala o que chamo de luto do absoluto e começamos a sofrer desesperadamente porque percebemos que aquele encontro não é o definitivo." O ator Cláudio Marzo também diz o que pensa: "O que é mais difícil na separação é superar todas as emoções que levaram à ela e voltar a se relacionar com o outro de maneira real, como duas pessoas que já foram casadas e agora estão separadas."

De um jeito simples ou complicado, com raiva ou tranqüilidade, o fato é que em todas as partes do mundo as pessoas se divorciam. E ao contrário da nossa cultura, que faz do divórcio uma questão moral, alguns povos encaram com naturalidade a dissolução do casamento. Um bom exemplo são os mongóis da Sibéria, que simplesmente adotam o óbvio ao estabelecer que "se duas pessoas não conseguem viver juntas, é melhor que vivam separadas". E chegamos ao extremo, na velha China, onde uma lei permitia ao homem se divorciar da esposa tagarela.

Entretanto, mesmo quando considerada necessária, ainda que a relação seja insatisfatória e o parceiro não preencha as necessidades afetivas e sexuais do outro, a separação não deixa de ser uma experiência dolorosa, na maior parte das vezes. Mas, afinal, por que é tão difícil se separar? São várias as razões.

Desde cedo somos levados a acreditar que a vida só tem graça se encontrarmos um grande amor. Se acontece, a expectativa é a de que vamos nos sentir completos para sempre, nada mais nos faltando. Isso é impossível, evidente, mas as pessoas se esforçam para acreditar e só desistem depois de fazer inúmeras concessões inúteis. E quando a frustração se torna insuportável, então se separam. Em alguns casos o ódio surgido entre o casal resulta do sentimento de ver traída a expectativa que tanto alimentaram. Imaginavam que através da relação amorosa se colocariam a salvo do desamparo, e que encontrariam a mesma satisfação que tinham no útero da mãe, quando os dois eram um só.

Além disso, deixar de ser amado ou desejado afeta a auto-estima, e as inseguranças reaparecem. A pessoa se sente desvalorizada, duvidando de possuir qualidades. E para piorar tudo, na maioria dos casamentos, homens e mulheres abrem mão da liberdade e da independência, tornando-se mais frágeis em caso de ruptura. Assim, o parceiro rejeitado não é o único a sofrer. Quem não deseja mais permanecer junto fica ressentido por não sentir, agora, prazer na convivência e responsabiliza o outro por isso. A dificuldade de desfazer a fantasia do par amoroso idealizado pode levar um casal a constantes tentativas de restabelecer o antigo vínculo, mesmo sabendo que não existe nenhuma chance.

O fim do casamento pode ser vivido como uma tragédia se as pessoas acreditarem que é uma união para a vida toda e que só é possível ser feliz formando um par amoroso. Mas o sofrimento será menor em algumas casos: se o casamento for considerado um vínculo temporário - enquanto for satisfatório para ambos; se há perspectiva de uma vida social interessante; se existe liberdade sexual para novas experiências; se o fato de se estar só não for sinônimo de desamparo. Contudo, há também quem sinta alívio na separação. Nesse caso, a nova vida significa oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal, podendo ser acompanhada de forte sensação de renascimento.

 
Regina Navarro Lins, psicanalista e sexóloga, é autora de O Livro de Ouro do Sexo (Ediouro). E-mail para a coluna: rlnl@uol.com.br. Site: www.camanarede.com.br
 
 
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